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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Rosa. A imortalidade e a vida.

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" As pessoas não morrem, ficam encantadas ". Esta frase, dita por Guimarães Rosa em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, há mais de 50 anos, ainda nos faz pensar sobre a vida e a morte.  Então, busco aqui algumas afirmações do próprio Rosa e da filosofia chinesa, sobre a vida e a morte. " Viver é um descuido prosseguido ", escreveu Rosa. (1)  Em "Os Analectos" diz: " Confúcio, ao ser interrogado certa vez sobre a imortalidade da alma, respondeu: Se não compreendo a vida como compreenderei a morte? " (2)  " Os fortes não podem dominar sua morte: considero este o pai dos ensinamentos " (3). Em outra tradução do Tao te King, este trecho do poema 42 é escrito assim: " Nem os fortes nem os violentos morrem em seu leito. Utiliza este pensamento para seguir o caminho ". (4)  Ainda em seu discurso na ABL, Rosa diz: " Mas - o que é um pormenor de ausência. Faz diferença? “Choras os que não devias chorar. O homem...

Rosa. Um sábio chinês das geraes?

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 O I Ching ou livro das Mutações é considerado um clássico da cultura chinesa. Sua origem remonta a cânticos transmitidos pela tradição oral por várias gerações, como a "síntese" de seu conhecimento e valores. Em 500 a.C. ele já era chamado de "milenar". Então, não é nenhum exagero dizer que ele tenha pelo menos 3 mil anos. É considerado como a base das duas principais filosofias chinesas, o taoísmo e o confucionismo. Basicamente, são 8 conjuntos de 3 linhas, sejam elas inteiras ou separadas, firmes ou maleáveis, que, combinados entre si, geram 64 "situações arquetípicas". Ex.: Céu sobre Céu, é o hexagrama do "Criativo". Terra sobre terra, é o hexagrama do "Receptivo". No Criativo, a energia yang, do céu, do masculino; no Receptivo, a energia yin, da terra, do feminino. Mais do que apenas um "instrumento divinatório", o I Ching permite meditar e refletir sobre estas interações entre os elementos. No Hexagrama 6, "Conflito...

Natal do Pé de Galinha

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 Ontem li um artigo muito interessante sobre o "anti-petismo". Entre outras coisas, mostrava que o termo "petista" caberia a qualquer um que não defenda nem o patriarcado nem o Estado-Mínimo. Pode ser Psol, PC do B...(Aqui o link  https://diplomatique.org.br/o-antipetismo-como-valor-simbolico-de-classe/  ) Diz mais. Afirma que a diferença fundamental entre a Direita e a Extrema-Direita são as pautas "morais". O neoliberalismo é o ponto em comum entre eles.  "O razoável – e aí concordam Amoedo, Bonner e Bolsonaro – é que o Estado seja fraco e os serviços essenciais, como saúde, trabalho e educação, passem para a mão da iniciativa privada. Não importa que a grande maioria da população não tenha acesso a nenhum desses bens, como o que ocorre em todo paraíso neoliberal: miséria, condições precárias de emprego e assistência médica praticamente inexistente".  E, o pior. Os partidos que representam a Direita e a Extrema Direita ( PP, PSD, PSL, PL, Avant...

Livros, jornalistas e gurus

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Teve um guru indiano que fez muito sucesso nos anos 80/90. Ele simplesmente criou uma doutrina que "legitimava o prazer". Sem culpas, sem estresse. As seguidoras dele eram ótimas para se paquerar. Sem cobranças, só na good vibe . Talvez isso tenha me motivado a tentar ler um de seus livros mais famosos. Desde garoto, sempre gostei de ler. Lia tudo, até bula de remédio. Uma vez, vendo o meu interesse pela leitura, meu pai me mostrou um livro, e recomendou a sua leitura. Comecei, mas não consegui avançar. Deixei de lado e fui ler outra coisa. Meu pai percebeu e perguntou: "Já leu aquele livro? Ou desistiu?". Confirmei que tinha desistido. Daí, ele me explicou o motivo da indicação: "Este é o livro mais chato que eu já vi na vida, desgraça atrás de desgraça, só queria ver se você aguentaria ler". Mas, voltando ao livro do tal guru indiano. Também não conseguia ler. Não passava da terceira página. Insisti, tentava de novo... e travava. Até que consegui identif...

Comorbidades e Novo Normal

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 A pandemia do Coronavírus alterou nossas rotinas, e não poderia deixar de ser, trouxe algumas novas expressões ao vocabulário, como "Comorbidades" e "Novo Normal". No final de novembro agora, foi noticiado que uma senhora, de 75 anos , sofreu um infarto após passar por constrangimentos pelos funcionários e seguranças de um supermercado, no Jardim Botânico, DF, bem perto de onde moro (sorte minha que nunca pisei lá no tal mercado). A senhora, acompanhada de 2 netos, foi acusada de furtar o chinelo que calçava durante as compras. Fez uma compra de R$ 600. (Imagino que este valor de compra esteja acima do ticket médio da loja, ou seja, mais um motivo para ser bem tratada) Só depois de analisarem os vídeos, constataram que era inocente. A funcionária do mercado se justificou que "uma pessoa, muito parecida com ela, teria furtado chinelos na loja, recentemente". Olha o perigo: qualquer vovó que entrasse lá, sofreria um "baculejo". Para piorar a situa...

Penso. Logo, existo

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 Por quê escrever? Pra quê fazer um blog? Periodicamente me faço estas perguntas. A primeira resposta, mais óbvia, é porque sei escrever. Se não soubesse, seria mais difícil, né? A segunda, já um pouco mais reflexiva, é para registrar momentos "importantes". Para compartilhar, desabafar, nem que seja dificuldades e desafios, foi assim quando fiz o Blog sobre a construção da minha casa.  http://ffrajola-minhacasaecolgica.blogspot.com/ Uma terceira motivação foi marcar a passagem do tempo. Uma espécie de "balanço" ou das experiências que nos fizeram nos tornar quem somos hoje. (Ok, confesso, perceber a idade chegando nos assusta e amedronta). Foi assim que surgiu o Blog que anunciava a chegada dos meus 50 anos.  https://50tinhacontos.blogspot.com/ E então, chego ao momento presente. 2020 não está sendo um ano fácil. Mais recluso, mais introspectivo, e ao mesmo tempo, amedrontador. A finitude da vida nos é revelada cada vez que precisamos sair de casa e na porta, volta...

O Zap-zap venceu a mídia tradicional

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 Quando fui decidir que faculdade que cursaria, acabei escolhendo Comunicação.  Na época, onde estudei era assim. Logo no início, matérias básicas de humanas, depois entrava nas mais específicas do curso, as "introduções a isso e aquilo" e, lá pelo meio do curso, se fazia a opção em uma das habilitações oferecidas: jornalismo, publicidade, relações públicas ou rádio, TV e cinema. Logo que entrei, pensei que iria seguir no Jornalismo. Mas, não demorei muito a perceber que "não era a minha praia". Eu percebia alguns colegas, que depois se tornaram bons profissionais de jornalismo,  comemorarem obter uma declaração ou uma informação de uma fonte. Vibravam mesmo. Eu não achava muita graça nisso, gostava mais de trabalhar o texto. De combinar as informações disponíveis a todos, com alguma originalidade e estilo. Mas, 2 coisas foram fundamentais para que eu me decidisse pela Publicidade, onde, inicialmente, me tornei redator publicitário.  Primeiro, foi um professor d...

Agenda neoliberal e profissões antigas

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 Outro dia li o Flávio Gomes dizer que "o jornalismo no qual ele se formou e dedicou toda uma carreira profissional, não existe mais. Como as fábricas de máquinas de escrever ou lojas de revelação de filmes. Simplesmente acabou". Vejo por mim. Antes lia pelo menos 2 jornais por dia, um local e outro nacional. Me lembro que a última vez em que insisti em comprar um exemplar impresso, tinha uma matéria louvando os benefícios da deforma da previdência. Que era necessária, que faria bem ao país, que todos iriam atingir o Nirvana e coisas do gênero. Nenhum espaço de crítica ou argumentação contrária. Pensei cá com os meus botões: "e eu ainda tenho que pagar para ser enganado?". Foi minha última tentativa. (Ok, confesso, já tem alguns anos isso). Mas, talvez, não tenha acabado totalmente. Millôr Fernandes já dizia que o "jornalismo era a segunda profissão mais antiga da face da terra". Se a primeira, mesmo que disfarçadamente,  resiste, quem sabe a segunda també...

Nós, Candangos sobreviventes

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Soube do falecimento de um amigo das antigas. Lá dos anos 80, quando a gente via Cassia Eller tocar no Bom Demais, com cerveja barata e sem pagar ingresso. Dos fins de semana, que todo mundo ia ao Beirute para saber "qual festa" estava rolando na cidade. E íamos todos. Eram ótimas estas festas. Liberadas, era só chegar. Fosse no Lago, no Park Way ou mesmo na casa de um Deputado que morava ali perto. Outros tempos. Era um país que deixava para trás os anos da Ditadura Militar e vivia novos tempos, de comemorações, de alegrias compartilhadas. A melhor definição que vi no facebook sobre o falecido foi que o filme "La Dolce Vita" teria sido inspirado nele. Sim, ele era onipresente em todas as festas, bares ou boates. Conhecia e era conhecido por todo mundo. Era gentil, culto e sofisticado. Disseram. Mas, nem tudo são flores. A mesma amiga que relatou no FB a partida dele, dizia "sentir muito, apesar de que ele estava estranho nos últimos tempos, talvez por causa da...

Anos e Arcanos

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 2020 está sendo um ano maluco. As pessoas estão confusas. O país está confuso. O mundo está confuso.  Racionalmente, não temos explicações. O que nos trouxe até aqui? Por quê passamos por todas estas turbulências? E, o mais preocupante, o que nos espera? Então, vou tentar uma outro caminho. Pela intuição, pela tradição das imagens do tarot. Quem sabe? Já que estamos perdidos mesmo...  se fizer algum sentido, será lucro. Nesta minha hipótese, volto um pouquinho no tempo, para quando, aparentemente, "saímos dos trilhos".  2016 ,  ano do impeachment.  A soma de "O Julgamento" (20- O Arcano da Ressurreição) + "16- A Torre ou a Casa de Deus" (O Arcano da Libertação e da Construção).  Sim, através de um "julgamento" nos "livramos da Dilma". Lembram que o dólar ia baixar no dia seguinte? Próximo momento importante foi aquele de "uma decisão muito difícil", segundo O Estadão. 2018 e as Eleições Presidenciais, em que venceu o candidat...