Nós, Candangos sobreviventes
Soube do falecimento de um amigo das antigas. Lá dos anos 80, quando a gente via Cassia Eller tocar no Bom Demais, com cerveja barata e sem pagar ingresso. Dos fins de semana, que todo mundo ia ao Beirute para saber "qual festa" estava rolando na cidade. E íamos todos.
Eram ótimas estas festas. Liberadas, era só chegar. Fosse no Lago, no Park Way ou mesmo na casa de um Deputado que morava ali perto. Outros tempos. Era um país que deixava para trás os anos da Ditadura Militar e vivia novos tempos, de comemorações, de alegrias compartilhadas.
A melhor definição que vi no facebook sobre o falecido foi que o filme "La Dolce Vita" teria sido inspirado nele. Sim, ele era onipresente em todas as festas, bares ou boates. Conhecia e era conhecido por todo mundo. Era gentil, culto e sofisticado. Disseram.
Mas, nem tudo são flores. A mesma amiga que relatou no FB a partida dele, dizia "sentir muito, apesar de que ele estava estranho nos últimos tempos, talvez por causa da política".
Minhas memórias são mais antigas, de uma vez que fomos em seu opalão preto, 4 portas, pneus tala larga, até a vizinha cidade de Luziânia, almoçar em um famoso restaurante que tinha lá. E também de uma festa em sua casa, no Park Way. Ali fiquei sabendo que seu pai seria alguém importante ou teria ligações com políticos importantes.
Triste por ver amigos ou conhecidos, partindo. Triste ver que pessoas, antes gentis, se transformaram em propagadores de ódio, preconceitos ou intolerância. Ah, a política...tanta esperança nos deu e tanto sofrimento tem nos trazido.
Brasília, agora aos 60 anos, não é mais aquela de quando tinha 20 ou 30. Eu, pouco mais novo, sigo no mesmo caminho.
Dizem até que o Rock morreu. Cássia se foi e Renato Russo também. Felizes os que viveram aqueles dias de Rock em Brasília. Viva o Rock de Brasília. Viva nós, seus sobreviventes.
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