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Minha frustrada carreira de piloto

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 Final dos Anos 70, eu morava em Ribeirão Preto. Na época, eu ouvia falar no colégio, que o grande barato eram as corridas de gordinis preparados, que aconteciam nas fazendas da região, em meio às estradas de terra dos canaviais. Meu sonho era pilotar um destes carrinhos (que já não eram fabricados há mais de 10 anos). Não presenciei nenhuma das corridas. Apenas imaginava como seriam divertidas. Coisas de adolescente dos anos 70. Ainda menor de idade e sem pai rico que pudesse bancar tais aventuras. Depois, já nos anos 80, com carteira de motorista e tudo, queria trocar a moto que eu tinha por uma estilo cross para participar da então recém lançada "Copa DT-180" (nisso eu já estava fazendo faculdade no DF). Ao propor ao meu pai vender a minha moto para comprar uma DT e correr, ele foi direto e claro: "se você fizer isso, eu lhe interno em um hospício".  Foi assim que minha carreira de piloto não aconteceu. Até acho que não faria feio.

O Mestre do Rosa

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 No post anterior, de 22/12, "Rosa. A imortalidade e a vida", usei alguns trechos do discurso de Guimarães Rosa em sua posse na Academia Brasileira de Letras.  Pois bem. A data da posse foi marcada para o dia em que seu amigo e ex-titular da Cadeira Número 2 da ABL, João Neves da Fontoura completaria 80 anos (se ainda estivesse vivo). O discurso foi todo em homenagem à memória de João Neves da Fontoura. Advogado, Jornalista, Escritor, Diplomata e Político. Mais que um "amigo" e ex-chefe no Itamaraty, Rosa teria em João Neves uma referência em termos morais, espirituais ou esotéricos. Seu Mestre, em resumo.  "Barbacena, o nosso lugar geométrico" dá a entender que a cidade mineira e João Neves marcaram a iniciação de Rosa nos mistérios maçônicos. Como já comentei no post anterior, me chamou a atenção, no discurso na ABL, Rosa citar o livro "Memórias", de João Neves da Fontoura, publicado no mesmo ano da morte do amigo: 1963.   "Direi, escreveu...

Rosa. A imortalidade e a vida.

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" As pessoas não morrem, ficam encantadas ". Esta frase, dita por Guimarães Rosa em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, há mais de 50 anos, ainda nos faz pensar sobre a vida e a morte.  Então, busco aqui algumas afirmações do próprio Rosa e da filosofia chinesa, sobre a vida e a morte. " Viver é um descuido prosseguido ", escreveu Rosa. (1)  Em "Os Analectos" diz: " Confúcio, ao ser interrogado certa vez sobre a imortalidade da alma, respondeu: Se não compreendo a vida como compreenderei a morte? " (2)  " Os fortes não podem dominar sua morte: considero este o pai dos ensinamentos " (3). Em outra tradução do Tao te King, este trecho do poema 42 é escrito assim: " Nem os fortes nem os violentos morrem em seu leito. Utiliza este pensamento para seguir o caminho ". (4)  Ainda em seu discurso na ABL, Rosa diz: " Mas - o que é um pormenor de ausência. Faz diferença? “Choras os que não devias chorar. O homem...

Rosa. Um sábio chinês das geraes?

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 O I Ching ou livro das Mutações é considerado um clássico da cultura chinesa. Sua origem remonta a cânticos transmitidos pela tradição oral por várias gerações, como a "síntese" de seu conhecimento e valores. Em 500 a.C. ele já era chamado de "milenar". Então, não é nenhum exagero dizer que ele tenha pelo menos 3 mil anos. É considerado como a base das duas principais filosofias chinesas, o taoísmo e o confucionismo. Basicamente, são 8 conjuntos de 3 linhas, sejam elas inteiras ou separadas, firmes ou maleáveis, que, combinados entre si, geram 64 "situações arquetípicas". Ex.: Céu sobre Céu, é o hexagrama do "Criativo". Terra sobre terra, é o hexagrama do "Receptivo". No Criativo, a energia yang, do céu, do masculino; no Receptivo, a energia yin, da terra, do feminino. Mais do que apenas um "instrumento divinatório", o I Ching permite meditar e refletir sobre estas interações entre os elementos. No Hexagrama 6, "Conflito...

Natal do Pé de Galinha

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 Ontem li um artigo muito interessante sobre o "anti-petismo". Entre outras coisas, mostrava que o termo "petista" caberia a qualquer um que não defenda nem o patriarcado nem o Estado-Mínimo. Pode ser Psol, PC do B...(Aqui o link  https://diplomatique.org.br/o-antipetismo-como-valor-simbolico-de-classe/  ) Diz mais. Afirma que a diferença fundamental entre a Direita e a Extrema-Direita são as pautas "morais". O neoliberalismo é o ponto em comum entre eles.  "O razoável – e aí concordam Amoedo, Bonner e Bolsonaro – é que o Estado seja fraco e os serviços essenciais, como saúde, trabalho e educação, passem para a mão da iniciativa privada. Não importa que a grande maioria da população não tenha acesso a nenhum desses bens, como o que ocorre em todo paraíso neoliberal: miséria, condições precárias de emprego e assistência médica praticamente inexistente".  E, o pior. Os partidos que representam a Direita e a Extrema Direita ( PP, PSD, PSL, PL, Avant...

Livros, jornalistas e gurus

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Teve um guru indiano que fez muito sucesso nos anos 80/90. Ele simplesmente criou uma doutrina que "legitimava o prazer". Sem culpas, sem estresse. As seguidoras dele eram ótimas para se paquerar. Sem cobranças, só na good vibe . Talvez isso tenha me motivado a tentar ler um de seus livros mais famosos. Desde garoto, sempre gostei de ler. Lia tudo, até bula de remédio. Uma vez, vendo o meu interesse pela leitura, meu pai me mostrou um livro, e recomendou a sua leitura. Comecei, mas não consegui avançar. Deixei de lado e fui ler outra coisa. Meu pai percebeu e perguntou: "Já leu aquele livro? Ou desistiu?". Confirmei que tinha desistido. Daí, ele me explicou o motivo da indicação: "Este é o livro mais chato que eu já vi na vida, desgraça atrás de desgraça, só queria ver se você aguentaria ler". Mas, voltando ao livro do tal guru indiano. Também não conseguia ler. Não passava da terceira página. Insisti, tentava de novo... e travava. Até que consegui identif...

Comorbidades e Novo Normal

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 A pandemia do Coronavírus alterou nossas rotinas, e não poderia deixar de ser, trouxe algumas novas expressões ao vocabulário, como "Comorbidades" e "Novo Normal". No final de novembro agora, foi noticiado que uma senhora, de 75 anos , sofreu um infarto após passar por constrangimentos pelos funcionários e seguranças de um supermercado, no Jardim Botânico, DF, bem perto de onde moro (sorte minha que nunca pisei lá no tal mercado). A senhora, acompanhada de 2 netos, foi acusada de furtar o chinelo que calçava durante as compras. Fez uma compra de R$ 600. (Imagino que este valor de compra esteja acima do ticket médio da loja, ou seja, mais um motivo para ser bem tratada) Só depois de analisarem os vídeos, constataram que era inocente. A funcionária do mercado se justificou que "uma pessoa, muito parecida com ela, teria furtado chinelos na loja, recentemente". Olha o perigo: qualquer vovó que entrasse lá, sofreria um "baculejo". Para piorar a situa...