O tempo e o vento

 Já dizia o poeta: "Não há nada como o tempo para passar". "Tempo Rei, oh, tempo Rei... ensinai-me o que eu ainda não sei"...cantava Gil.

"Uma árvore difícil de abraçar nasceu apenas de uma semente", diz o Tao Te King. Os cuidados e o tempo permitem que ela se expanda e se materialize. 

Da mesma forma, eu, ao passar por vilas e construções antigas à beira da estrada, imaginava que naqueles interiores, o tempo passa mais devagar. A vida parece ser mais vagarosa na roça. Ou na beira-mar, diria Caymmi.  Assim, me permitia imaginar que outros povos, mais avançados que nós, com seus trem-balas high-techs, podem já estar décadas ou Séculos à nossa frente. Será mesmo o tempo relativo?

No início da Década de 90, ouvi pela primeira vez a palavra "impeachment". Era o Governo Collor, que, acuado por denúncias, fazia uso de camisetas para mandar seus recados políticos. Uma que ficou famosa na época dizia "O tempo é o senhor da razão". 


Entendi o recado como "no futuro, vocês verão que eu estava certo". Mas, com as denúncias contra ele se avolumando cada vez mais, acabou renunciando à Presidência da República. (Sim. Ele não sofreu impeachment. Antes do início do processo que poderia levar a sua cassação, ele renunciou).

Passados quase 30 anos desde a queda de Collor e eis que a tal frase foi novamente dita por um ex-Presidente, desta vez Lula, lembrando ter perguntado, em 2017, ao então juiz Sérgio Moro, se ele "seria julgado por um juiz imparcial." Agora, em 2021, com a atual desmoralização do ex-juiz e da lava-jato, Lula afirmou: "O tempo é o senhor da razão"https://www.brasil247.com/poder/lula-diz-que-o-tempo-e-o-senhor-da-razao-apos-a-desmoralizacao-completa-de-moro

Nos dois casos acima citados, o tempo não interferiu em minhas "convicções". Não passei a acreditar na inocência de Collor ou na imparcialidade de Moro. Acredito, porém, que muitos estejam agora decepcionados com a turma da Lava-Jato, porque acreditaram na narrativa de "combate a corrupção", difundida pela grande mídia.

Mas, por quê eu não embarquei no discurso de que "a política é sinônimo de corrupção; que Lula era o chefe da quadrilha; que o PT estava acabando com o país"? 

Em primeiro lugar, porque sou um profissional de comunicação. Sei diferenciar o que é "notícia" do que é "campanha publicitária difamatória". 

Segundo, porque vi que o país cresceu e melhorou a vida de milhões de brasileiros durante "a tal década."   https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2010/02/11/era-lula-foi-a-melhor-fase-da-economia-brasileira-dos-ultimos-30-anos-diz-fgv.htm

Terceiro, porque vi que todos os indicadores econômicos e sociais do país pioraram depois do Golpe contra Dilma, em 2016. Ou seja, o que a mídia vendia como "solução para todos os problemas" era na verdade apenas conversa fiada. Tais factoides, não tenho dúvidas, o tempo e o vento levam embora.

Mas, hoje, vi uma live com o Dr. Marco Aurélio de Carvalho, do Instituto Prerrogativas, que mostrou uma "aceleração" que me deu mais esperanças. Lembrou que  sobre a Ditadura, a Globo demorou 40 anos para "reconhecer o erro". Agora, pouco mais de 5 anos do golpe, a narrativa de boa parte da imprensa já caiu por terra com a Vaza-Jato. Falta a Globo pedir as desculpas, ainda. É questão de tempo. Que venha logo.

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